A nossa tolerância tem a ver com a nossa forma de olhar para o mundo. Nós já percebemos, já aprendemos, já assimilámos o que lá em cima nos ensinam - que o mundo é dual, que nada é perfeito, que as pessoas tem um lado bom e um lado mau, que não é suposto as pessoas serem perfeitas porque se fossem não tinham que vir à Terra, só que…
Quando alguma pessoa que nós gostamos não age como nós queremos ou faz alguma coisa que nos ofende ou nos magoa, o que é que nós fazemos? Não podemos julgar, não podemos exigir, não podemos cobrar, nem tentar mudá-la, porque a pessoa tem o direito de ser exactamente como ela é. Então o que fazer?
Temos duas hipóteses – ou continuamos amigos dessa pessoa ou vamo-nos embora. A primeira tendência que nós temos é ir embora, porquê? “Porque eu não quero isto para mim”, pensamos. E então afastamo-nos da primeira pessoa, da segunda, da terceira, chega uma altura em que não sobra mais ninguém. Não é? Vamo-nos embora da nossa mãe, pai, amigos, vamo-nos embora das pessoas de quem gostamos e quem é que sobra?...
Então Ele disse uma coisa muito interessante - eu posso cortar o que me incomoda numa pessoa mas não afastar-me. Isto é importantíssimo, é brutal - eu posso perceber que a pessoa não pode ser perfeita, não tem que ser perfeita, nem nunca vai ser nunca perfeita. Por isso, a partir do momento em que eu percebo que a imperfeição existe, que as fragilidades existem, eu só tenho que perceber qual é o nível em que eu vou poder estar com essa pessoa e qual o nível em que eu não vou estar.
Há pessoas de quem me afasto porque eu não quero aquela energia no seu todo, é uma questão energética, é diferente, é a pessoa inteira, tudo me incomoda. Mas há outras pessoas de quem gosto mas que há ali uma parte que me incomoda muito, e eu tenho pena de perder essa pessoa só por causa dessa parte. Isso é o que nos faz ser intolerantes. Intolerância é achar que tenho que cortar tudo porque não gosto de determinado aspecto de determinada pessoa.
Eu posso não gostar da parte má de uma pessoa, mas posso gostar da parte boa. Eu tenho é que perceber e aceitar que ela tem o direito de ter essa parte má, como eu também tenho esse direito. Por isso é que se chama mesmo fragilidades… e só tenho que aceitar isso.
Alexandra Solnado
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